O DIÁLOGO ENTRE O ENSINO E A APRENDIZAGEM
(Telma Weisz – com Ana Sanchez)
Este livro trata de alguns aspectos essenciais para a educação: a compreensão do processo de ensino e do processo de aprendizagem sob a ótica construtivista.
O perfil profissional do professor constrói-se com base no seu desempenho em sala de aula e atualmente todos são chamados a desenvolver sua prática a partir de um projeto educativo da escola que oportunize a produção, sistematização e socialização de conhecimentos pedagógicos e ainda a participação em discussões da comunidade educacional.
Telma Weisz inicia seu livro descrevendo como foi o seu batismo de fogo no magistério. Ela nos relata sobre sua formação inicial, que julga ter sido deficitária, e sobre o início de sua carreira, ainda como estagiária, atendendo a uma convocação geral do governador do estado do Rio da época para complementar a alfabetização de alunos de 11 a 12 anos, da rede pública, que haviam passado para a 2ª série, mas ainda não sabiam ler nem escrever e apresentavam distorção idade x série.
Com essa experiência ela chegou à conclusão de que havia um abismo entre a sua formação inicial e sua atuação pedagógica em sala de aula e outro abismo ainda maior entre o desempenho daqueles meninos na escola e o que a vida lá fora exigia deles. Isso reforçava a ideia de que o fracasso escolar daqueles meninos perpetuava a relação de dominação que há na sociedade capitalista. Os que fracassam são sempre dominados porque não têm condições de se desenvolver, de evoluir na sociedade e a falta de letramento não permite que esses indivíduos atuem no seu cotidiano como cidadãos críticos e participativos.
A experiência de Telma Weisz como professora iniciante tem muitos pontos de contato com nossa própria experiência pedagógica, principalmente como professores de língua portuguesa, porque, na verdade, a cegueira que ela admitiu ter naquela época é a cegueira de todos nós, que muitas vezes fazemos um trabalho mecânico, sem compreender a causa e a finalidade de nossa prática. Cumprimos um protocolo, sem ao menos entender o processo de nossas ações. O que deveria ser uma prática pensante e reflexiva passa a ser um elenco de ações vazias de significado e que, por isso, surtem pouco ou nenhum efeito em nossos alunos.
Hoje o que se espera de um professor de qualquer nível ou área é que ele seja um ator protagonista da educação, que reflete enquanto age, pode e deve tomar decisões, mudar rapidamente o rumo de sua ação, interpretar as respostas que seus alunos dão e autocorrigir-se, ou seja, que ele seja o autêntico sujeito de sua ação profissional e sua maior meta é conseguir que todos os seus alunos tenham sucesso escolar. Esse sucesso tão desejado não se obtém sem que esses mesmos alunos saibam ler e escrever efetivamente, habilidades que constituem a base de toda e qualquer aprendizagem escolar.
A autora nos faz ter um novo olhar sobre a aprendizagem. Quando se tem um ponto de vista adultocêntrico, isso gera um tipo de procedimento pedagógico que dificulta o processo de aprendizagem das crianças. Como exemplo dessa perspectiva, ela cita as antigas cartilhas de alfabetização, cuja metodologia contribuía para o fracasso na escola, pois desconsiderava o fato de que há uma lógica no pensamento da criança quando está sendo alfabetizada e que ela constrói hipóteses sobre a escrita, como comprovou Emília Ferreiro em sua pesquisa sobre a psicogênese da língua escrita. Outro fator a se considerar é o erro, que aos olhos dos adultos seria sinônimo de fracasso e segundo a ótica construtivista seria apenas mais uma etapa do processo de construção do saber.
É possível, segundo Weisz, enxergar o que o aluno já sabe a partir do que ele produz e pensar no que fazer para que ele aprenda mais. Devemos, pois, considerar o processo de aprendizagem como resultado da ação do aprendiz e a função do professor é criar condições para que o aluno possa exercer sua ação de aprender.
Para ensinar bem é preciso considerar o conhecimento prévio do aprendiz e as contradições que ele enfrenta no processo, porque uma aprendizagem de fato só acontece quando o aprendiz se vê diante de problemas e desafios, ou seja, conflitos cognitivos a serem resolvidos, pois só dessa maneira nasce a necessidade de superação. O conhecimento novo aparece, então, como resultado de um processo de ampliação, diversificação e aprofundamento do conhecimento anterior que ele já detém.
Nesse processo, o registro do professor é de suma importância, pois o mesmo subsidiará as intervenções subsequentes. Aliás, esse registro acompanhará todo o processo de avaliação da aprendizagem dos alunos, seja no início, para mapear o conhecimento prévio dos alunos, seja durante todo processo, para se fazer a chamada avaliação de percurso ou formativa. Embora seja ainda muito forte, em nosso país, a tradição de avaliação centrada exclusivamente no propósito de quantificar a aprendizagem através de notas e conceitos, todo professor deve pensar sobre o que fazer com os alunos que chegam ao final do período sem aprender o que a escola pretendia ensinar.
Desde que as concepções escolanovistas chegaram ao Brasil, a partir de 1920, com os ideais dos pensadores educacionais Dewey, Claparède, Decroly, Montessori e Freinet, o indivíduo passou a ser valorizado como ser livre, ativo e social e se propagou um modelo de ensino que ficou conhecido como aprendizagem por descoberta. A utilização distorcida dessas idéias acabou por incentivar uma onda de práticas pedagógicas espontaneístas.
Começa, então, com Piaget, a construção de um novo olhar sobre a aprendizagem, com a sua teoria do conhecimento, que tenta explicar como se avança de um conhecimento menos elaborado para um conhecimento mais elaborado. O modelo de ensino atualmente relacionado ao construtivismo chama-se aprendizagem pela resolução de problemas e pressupõe uma intervenção pedagógica de natureza própria. Em relação a nossos alunos, urge a necessidade de aprender a aprender e, para se conquistar essa aprendizagem, é preciso ser um leitor e um escritor competente. Segundo a autora, é hora de começar a pensar, com maior profundidade, como agir para democratizar, de fato, o acesso à informação e às possibilidades de construção do conhecimento.
A prática de qualquer professor é sustentada por idéias, concepções e teorias, mesmo quando ele não tem consciência disso, desenvolve Weisz em um de seus capítulos. Há professores que sustentam sua prática segundo o modelo empirista e outros que preferem o modelo construtivista. Num modelo empirista, a informação é introjetada ou não. Num modelo construtivista, o aprendiz tem de transformar a informação para poder assimilá-la.
Considerando que o processo de aprendizagem não corresponde necessariamente ao processo de ensino, como tantos imaginam, é este que tem que se adaptar àquele, ou melhor, o processo de ensino deve dialogar com o de aprendizagem. Quanto ao conteúdo trabalhado, este deve manter suas características de objeto sociocultural, desse modo, cabe à escola garantir a aproximação máxima entre o uso social do conhecimento e a forma de tratá-lo didaticamente. Esse tratamento didático que se deve fazer em relação ao conhecimento depende necessariamente de uma boa formação do professor.
A profissão de professor pressupõe uma prática de reflexão e atualização constante, pois seu papel agora tende a ser mais exigente: precisa se tornar capaz de criar ou adaptar situações de aprendizagem adequadas a seus alunos e isso exige que o professor elabore e re-elabore permanentemente sua prática pedagógica. Enfim, Telma Weisz defende a ideia de que para ser prático e eficiente, o professor precisa de formação teórica permanente e consistente, feita de tal modo que institua e alimente relações de autonomia tanto entre educadores quanto entre eles e as teorias estudadas; que inclua a criação de estratégias, a experimentação, a análise compartilhada, a partir da interpretação que faz da teoria e da realidade em que está inserido. Um processo cooperativo, em que uns dão suporte às ideias dos outros, enfrentando juntos as incertezas, ganhando segurança pelo apoio e reconhecimento dos colegas, sendo ajudados nas falhas e supridos nas inconsistências, aprendendo a receber e fazer críticas de modo construtivo, a enfrentar as próprias limitações...tal qual estão nos oportunizando fazer com esse curso de formação continuada Gestar II de Língua Portuguesa.
Resenha feita por: Mônica Ribeiro da Silva Fogaça (Formadora do Gestar II – Língua Portuguesa – Silva Jardim – RJ - 2009).
(Telma Weisz – com Ana Sanchez)
Este livro trata de alguns aspectos essenciais para a educação: a compreensão do processo de ensino e do processo de aprendizagem sob a ótica construtivista.
O perfil profissional do professor constrói-se com base no seu desempenho em sala de aula e atualmente todos são chamados a desenvolver sua prática a partir de um projeto educativo da escola que oportunize a produção, sistematização e socialização de conhecimentos pedagógicos e ainda a participação em discussões da comunidade educacional.
Telma Weisz inicia seu livro descrevendo como foi o seu batismo de fogo no magistério. Ela nos relata sobre sua formação inicial, que julga ter sido deficitária, e sobre o início de sua carreira, ainda como estagiária, atendendo a uma convocação geral do governador do estado do Rio da época para complementar a alfabetização de alunos de 11 a 12 anos, da rede pública, que haviam passado para a 2ª série, mas ainda não sabiam ler nem escrever e apresentavam distorção idade x série.
Com essa experiência ela chegou à conclusão de que havia um abismo entre a sua formação inicial e sua atuação pedagógica em sala de aula e outro abismo ainda maior entre o desempenho daqueles meninos na escola e o que a vida lá fora exigia deles. Isso reforçava a ideia de que o fracasso escolar daqueles meninos perpetuava a relação de dominação que há na sociedade capitalista. Os que fracassam são sempre dominados porque não têm condições de se desenvolver, de evoluir na sociedade e a falta de letramento não permite que esses indivíduos atuem no seu cotidiano como cidadãos críticos e participativos.
A experiência de Telma Weisz como professora iniciante tem muitos pontos de contato com nossa própria experiência pedagógica, principalmente como professores de língua portuguesa, porque, na verdade, a cegueira que ela admitiu ter naquela época é a cegueira de todos nós, que muitas vezes fazemos um trabalho mecânico, sem compreender a causa e a finalidade de nossa prática. Cumprimos um protocolo, sem ao menos entender o processo de nossas ações. O que deveria ser uma prática pensante e reflexiva passa a ser um elenco de ações vazias de significado e que, por isso, surtem pouco ou nenhum efeito em nossos alunos.
Hoje o que se espera de um professor de qualquer nível ou área é que ele seja um ator protagonista da educação, que reflete enquanto age, pode e deve tomar decisões, mudar rapidamente o rumo de sua ação, interpretar as respostas que seus alunos dão e autocorrigir-se, ou seja, que ele seja o autêntico sujeito de sua ação profissional e sua maior meta é conseguir que todos os seus alunos tenham sucesso escolar. Esse sucesso tão desejado não se obtém sem que esses mesmos alunos saibam ler e escrever efetivamente, habilidades que constituem a base de toda e qualquer aprendizagem escolar.
A autora nos faz ter um novo olhar sobre a aprendizagem. Quando se tem um ponto de vista adultocêntrico, isso gera um tipo de procedimento pedagógico que dificulta o processo de aprendizagem das crianças. Como exemplo dessa perspectiva, ela cita as antigas cartilhas de alfabetização, cuja metodologia contribuía para o fracasso na escola, pois desconsiderava o fato de que há uma lógica no pensamento da criança quando está sendo alfabetizada e que ela constrói hipóteses sobre a escrita, como comprovou Emília Ferreiro em sua pesquisa sobre a psicogênese da língua escrita. Outro fator a se considerar é o erro, que aos olhos dos adultos seria sinônimo de fracasso e segundo a ótica construtivista seria apenas mais uma etapa do processo de construção do saber.
É possível, segundo Weisz, enxergar o que o aluno já sabe a partir do que ele produz e pensar no que fazer para que ele aprenda mais. Devemos, pois, considerar o processo de aprendizagem como resultado da ação do aprendiz e a função do professor é criar condições para que o aluno possa exercer sua ação de aprender.
Para ensinar bem é preciso considerar o conhecimento prévio do aprendiz e as contradições que ele enfrenta no processo, porque uma aprendizagem de fato só acontece quando o aprendiz se vê diante de problemas e desafios, ou seja, conflitos cognitivos a serem resolvidos, pois só dessa maneira nasce a necessidade de superação. O conhecimento novo aparece, então, como resultado de um processo de ampliação, diversificação e aprofundamento do conhecimento anterior que ele já detém.
Nesse processo, o registro do professor é de suma importância, pois o mesmo subsidiará as intervenções subsequentes. Aliás, esse registro acompanhará todo o processo de avaliação da aprendizagem dos alunos, seja no início, para mapear o conhecimento prévio dos alunos, seja durante todo processo, para se fazer a chamada avaliação de percurso ou formativa. Embora seja ainda muito forte, em nosso país, a tradição de avaliação centrada exclusivamente no propósito de quantificar a aprendizagem através de notas e conceitos, todo professor deve pensar sobre o que fazer com os alunos que chegam ao final do período sem aprender o que a escola pretendia ensinar.
Desde que as concepções escolanovistas chegaram ao Brasil, a partir de 1920, com os ideais dos pensadores educacionais Dewey, Claparède, Decroly, Montessori e Freinet, o indivíduo passou a ser valorizado como ser livre, ativo e social e se propagou um modelo de ensino que ficou conhecido como aprendizagem por descoberta. A utilização distorcida dessas idéias acabou por incentivar uma onda de práticas pedagógicas espontaneístas.
Começa, então, com Piaget, a construção de um novo olhar sobre a aprendizagem, com a sua teoria do conhecimento, que tenta explicar como se avança de um conhecimento menos elaborado para um conhecimento mais elaborado. O modelo de ensino atualmente relacionado ao construtivismo chama-se aprendizagem pela resolução de problemas e pressupõe uma intervenção pedagógica de natureza própria. Em relação a nossos alunos, urge a necessidade de aprender a aprender e, para se conquistar essa aprendizagem, é preciso ser um leitor e um escritor competente. Segundo a autora, é hora de começar a pensar, com maior profundidade, como agir para democratizar, de fato, o acesso à informação e às possibilidades de construção do conhecimento.
A prática de qualquer professor é sustentada por idéias, concepções e teorias, mesmo quando ele não tem consciência disso, desenvolve Weisz em um de seus capítulos. Há professores que sustentam sua prática segundo o modelo empirista e outros que preferem o modelo construtivista. Num modelo empirista, a informação é introjetada ou não. Num modelo construtivista, o aprendiz tem de transformar a informação para poder assimilá-la.
Considerando que o processo de aprendizagem não corresponde necessariamente ao processo de ensino, como tantos imaginam, é este que tem que se adaptar àquele, ou melhor, o processo de ensino deve dialogar com o de aprendizagem. Quanto ao conteúdo trabalhado, este deve manter suas características de objeto sociocultural, desse modo, cabe à escola garantir a aproximação máxima entre o uso social do conhecimento e a forma de tratá-lo didaticamente. Esse tratamento didático que se deve fazer em relação ao conhecimento depende necessariamente de uma boa formação do professor.
A profissão de professor pressupõe uma prática de reflexão e atualização constante, pois seu papel agora tende a ser mais exigente: precisa se tornar capaz de criar ou adaptar situações de aprendizagem adequadas a seus alunos e isso exige que o professor elabore e re-elabore permanentemente sua prática pedagógica. Enfim, Telma Weisz defende a ideia de que para ser prático e eficiente, o professor precisa de formação teórica permanente e consistente, feita de tal modo que institua e alimente relações de autonomia tanto entre educadores quanto entre eles e as teorias estudadas; que inclua a criação de estratégias, a experimentação, a análise compartilhada, a partir da interpretação que faz da teoria e da realidade em que está inserido. Um processo cooperativo, em que uns dão suporte às ideias dos outros, enfrentando juntos as incertezas, ganhando segurança pelo apoio e reconhecimento dos colegas, sendo ajudados nas falhas e supridos nas inconsistências, aprendendo a receber e fazer críticas de modo construtivo, a enfrentar as próprias limitações...tal qual estão nos oportunizando fazer com esse curso de formação continuada Gestar II de Língua Portuguesa.
Resenha feita por: Mônica Ribeiro da Silva Fogaça (Formadora do Gestar II – Língua Portuguesa – Silva Jardim – RJ - 2009).
Oi Mônica, adorei sua resenha, sou aluna do curso de Pedagogia , minha professora passou este trabalho de realizar uma resenha deste livro, então resolvi pesquisar para poder entender melhor os métodos de uma resenha, achei a sua e devido a ela me empolguei para fazer a minha. Muito obrigada!!
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